O Fim Supremo da Ordem Social

- Carlos Bernardo Loureiro -

Nenhum homem dispõe de faculdades completas e é pela união social que eles se completam uns aos outros, para assegurarem seu próprio bem-estar e progredirem. Eis porque, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade”. - O Livro dos Espíritos. 

            A sentença kardequiana identifica-se, no particular, com o que postula a Teoria Geral do Direito, sob a ótica do eminente jurista alemão Rudolf Von Jhering: “Não há vida que só para si exista; toda a vida existe ao mesmo tempo para o mundo: cada homem, por ínfimo que seja o lugar que ele ocupe, colabora no interesse da humanidade”. (In: A Evolução do Direito – Zweck in Recht, 1875 – Livraria Progresso). Assim, ninguém existe para si mesmo, cada um existe para os outros e pelos outros.

Desse modo, e em termos coletivos e individuais, as pessoas se ajudam, embora não percebam que se acham envolvidas nesse processo. E isto é tão verdadeiro a nível intelectual, moral e econômico, no que constitui todo o comércio humano nos vários segmentos sociais. E o fenômeno prevalece em toda parte, em qualquer sociedade, da mais sofisticada à mais subdesenvolvida, anelando dois destacados aspectos: os seus efeitos sobre a sociedade atual e sobre a sociedade do porvir.

            E essa ação dupla se configura como pedra de toque de todo o evolver humano, tanto no campo material como, e principalmente, no campo espiritual. Essa visão se amplia e adquire maior expressividade sob o prisma da pluralidade da existência, quando temos a faculdade, consciente ou inconsciente, de construir o nosso próprio futuro, à medida de nossa ação no mundo. Esse compromisso, supõe um contrato, que rege a sua constituição e o seu funcionamento. E é justamente aí que reside o legítimo conceito de Sociedade, definida por Von Jhering como –                      “A organização da vida para e por outrem”, porque, sem dúvida, a nossa existência e as nossas relações constituem, de fato, uma Sociedade. Os filósofos gregos, em especial, apreenderam esta verdade, que se resume no aforismo – “O mundo (Sociedade) existe para o ser – o ser existe para o mundo”. O acordo entre essas suas regras constitui o fim supremo da ordem social.



 

 


www.iakee.webnode.com.br